Tive dois, como todo mundo. Edimilson e Benedito. Mãe e pai bem representados.
Do vô Edimilson veio a fotografia. Não sei como, mas veio dele. Tenho certeza!
Das lembranças, a casinha de ferramentas no canto direito do quintal. Eu sempre brincava lá, mesmo sabendo que ele ia brigar. Eu adorava esmagar as manguinhas para minha salada de frutas numa ferramenta que ele tinha.
"Marrapaz...Eu já não disse pra vocês não fazerem isso?"
E saia todo mundo correndo...
Depois eu sentava no braço do sofá que ficava ao lado da TV e passava a mão na careca dele. Aí tava tudo resolvido.
A gente dançava também. Dois pra cá e dois pra lá.
Tinha até uma música!
"Nattércia, catibiribécia
Cheira matutina,
Firififécia"
Nem sei o que ele queria dizer com aquilo. Era a minha música e acabou.
E os pêssegos? Ele adorava. Sempre depois do almoço e cortados com garfo e faca. Quando terminava, ficava batendo os talheres no prato, num batuque sonoro.
"Podem viajar tranquilos", disse o médico.
No meio da viagem ele se foi. Eu nunca entreguei o desenho que tinha feito.
Do vô Bené a lembrança: da porta da casa já dava pra sentir o barulho da panela e o cheiro de cará frito. Do cozinha, via-se ele na cabeceira da mesa, com um prato cheio de arroz, o peixe frito e despejando farinha em cima. Tudo era muito bom.
Dele também vem o "r" foRte. Aquele "r" da velhice. Do "rermei". Do cabelo "rermei", parecendo uma guariba. Ele sempre falava isso. Tinha implicância com cabelos.
Não fui vê-lo no hospital. Achei que era só um resfriado. Nada sério.
"Amanhã eu vou", disse eu.
Nem deu tempo...Ele se foi naquele amanhã.
Um comentário:
Lendo " Dos meus velhinhos", lembrei da minha velhinha, saudade eles nos fazem sentir, né?
Doçura seu post.
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