Finalmente consegui visitar o Peru. Depois de tanto
planejar, de me sentir culpada por morar
“do ladinho” e não ter ido até então, e, principalmente, por até minha mãe já
ter ido e eu nada. Logo, chegar lá era uma questão de honra.
Como tudo comigo é um pouco mais enrolado, o plano inicial
não deu certo: ir de carro a Puerto Maldonado (PE) e de lá pegar um avião para
Cusco. Tentei comprar a passagem pela internet por uns 3 dias. Dava problema na
finalização da compra. Fui ao banco, tentei resolver, mas nada. Comprei as
passagens de ônibus. Eu, marido e dois amigos. Íamos por terra!
Um dia antes da partida fomos informados que mineiros
peruanos haviam bloqueado a estrada por insatisfação com o governo. Murchamos.
Não havia certeza da chegada, mas já tínhamos a passagem, então partimos.
Quarta-feira, 9h30, rodoviária de Rio Branco.
Depois de algumas horas de viagem soubemos que os mineiros
haviam desbloqueado a passagem, já que era Semana Santa e Deus é pai! Seguimos.
O tempo total de percurso era de 20h, mas imprevistos sempre podem acontecer. O asfalto do Peru é perfeito,
mas o relevo não é nada confiável.
Paramos na estrada a 1h da manhã. Um deslizamento, com
pedras enormes, bloqueava o caminho. Foram 4h de trabalho e uns 20 homens para
conseguir afastar um pouco as pedras.
Conforme o destino se aproximava, a altitude aumentada e os
efeitos colaterais também. A estrada é cheia de curvas e meu estômago veio
parar na minha garganta. Haja Dramin pra aguentar. Além disso, tudo começou
a inflar, inclusive eu (se é que vocês me entendem).
Chegamos por volta das 11h da manhã. Cansados e
acabados. Ficamos hospedados em um
hostal super charmosinho e de nome difícil, que fica atrás da Plaza de Armas.
Paucartambo Wasichay.
Como tínhamos poucos dias, otimizamos o tempo. Nada de
descanso. Um chá de coca na chegada, um banho, um agasalho e #partiualmoço!
Saímos à procura de um restaurante bacana pra quem está com
fome, ou seja, o segundo que encontramos.
Nesse momento senti a primeira dificuldade em não
dominar a língua do país. O que eu tinha era um portunhol de quem mora na fronteira,
aliado a um espanhol de mais ou menos oito anos, aprendido em duas disciplinas
da faculdade. E foi isso que levei comigo.
Como tenho algumas (muitas) restrições alimentares, saber o
que eu ia comer era deveras importante. Então a gente perguntava “de que és
hecho?” e a moca explicava com os ingredientes que eu também não fazia idéia do
que eram. Era preciso arriscar.
A alimentação deles é muito baseada em milho (maíz) , porque
eles cultivam 39 tipos dele. Então tem suco, sopa, bebida alcoólica, molho...Tudo!
De entrada, Papa a la Huancaína (batata a um molho amarelo,
que me lembrava algo preparado com óleo de dendê, mas era mais fraquinho), como
prato principal, frango (pollo) com arroz, batatas frita e legumes. Para beber, sucos de papaya e chicha morada (um
tipo de maíz).
Tudo saboroso, mas cheguei à conclusão de que é bom dar uma pesquisada nos termos e ingredientes da culinária local antes de se aventurar em um país. A gente fica meio perdido, sem saber o que pedir.
Continua...
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