sexta-feira, março 08, 2019

#8M2019


O dia começou inquieto. Da inquietude comum a minha mente e do peso que o dia representa. É Dia Internacional da Mulher.
Que não é só um dia. É emblemático. É representativo. E não de hoje. Há 23 anos eu me tornava mulher. Minha menstruação veio pela primeira vez em um 8 de março que, até então, era comemorado apenas com rosas e felicitações. E, naquela idade, eu também não tinha a dimensão da data.
A realidade hoje é outra. Entre os parabéns e os chocolates - que eu até reconheço como delicadeza e boa intenção - temos os numerosos números,  mortes que gritam, estatísticas que pedem socorro.

Chocolates são bons. Adoçam a vida. A intenção foi homenagear, eu sei. Obrigada! Mas eu quero mais! E vocês sabem disso. Quero mais por mim, pra mim, pela minha filha, por todas. 

As flores deixam o ambiente mais bonito. Alegram o coração e também consigo ressignificá-las nesse contexto: vêm da nossa capacidade extraordinária de florescer em meio a tantas dores. 

Não dispenso nada. Busco o equilíbrio. Entretanto, porém, todavia, isso já não me satisfaz.
Eu quero mais. E vocês sabem disso!

Quero a consciência das piadas machistas semanalmente nos grupos de Whatsapp da família, do trabalho, dos amigos, que muitas vezes a gente finge não ver pra não se indispor com aquela pessoa querida. 
"Mas antes não tinha problema".  Agora tem. Muita coisa agora tem problema.  Devemos estar atentos e dispostos a evoluir enquanto pessoas. E se bater a dúvida se é ou não algo ofensivo, pergunte à mulher mais próxima de você. Sua mãe, irmã, prima, companheira. Elas certamente te responderão. 

Quero a união e o respeito mútuo. Mulheres: não desqualifiquem a luta da outra. Não meçam nível de feminismo. Olha a bagunça que isso já está. Encorajem e apóiem outras mulheres.

Mulheres empoderadas, sejam mais que um discurso! Não adianta assumir grandes cargos, mas criticar a colega que escolheu ficar em casa para cuidar da família e dos filhos. Tudo isso dá muito trabalho. 

Sociedade, seja mais gentil com mulheres em relacionamentos complicados. A herança do patriarcado é grande e tão longa que, por alguns momentos, custo a acreditar que algum dia colheremos frutos positivos disso tudo. 

Mulheres se veem presas em relações complicadas por diversas razões e, a maior delas, é porque sempre foi assim. Cresceram vendo suas mães e tias apanhando e não conseguem imaginar uma realidade diferente dessa. Quebrar esse estigma demora mais uma vida.

Eu, muito provavelmente, não verei essa mudança e, talvez, apenas meus netos consigam. É pelo futuro que lutamos.

#8M2019