segunda-feira, julho 27, 2009

Rotina de horário nobre



Coisa que sabemos há tempos é que os modismos e chavões de novelas são passageiros, e em certos casos, prevalecem apenas para uma pequena parcela da população. Mas parece que essa pequena parcela está toda concentrada na Instituição em que trabalho.

Não bastasse receber um “Bom dia! Tudo mais ou menos?” de alguém da sala em frente, tenho que ouvir a telefonista, que trabalha praticamente colada à minha mesa (apenas uma parede de vidro separa a Assessoria de Comunicação da Recepção), exclamando “Arebaba!” ao telefone.

Caminho das Índias está fazendo um estrago no léxico das secretárias. A conversa é mais ou menos assim:

-- Vou no Mercado Velho com ele hoje, tchik...
-- Atcha, atcha, atcha!

Sobre o descanso tão sonhado:

-- O que vai fazer nessas férias?
-- Nada. Vou ficar arrastando meu sári pelo mercado...

E eu escrevendo meu release, tentando não escutar a telefonista:

-- Eliane, bom dia! Arebaguandir!!! Isso não é auspicioso! Kkkkkkkk

Definitivamente Glória Perez não é minha autora preferida no momento. Mas o pior aconteceu outro dia, quando minha chefa, notando meu mau humor, sentou ao meu lado para conversar um pouco:

-- Fabiana, o que você tem querida? Está aborrecida?! Fica assim não, vamos orar para deus acender as lamparinas do seu juízo...


Legenda da foto:
Sempre há um tempinho para espiar o próximo capítulo


...
PS: Pessoal, estou me despedindo do Sugestível para postar no meu próprio blog: Estude o Simples. Eu sei, eu sei... o nome é primário e o tema piegas-pseudo-ex-deprimente, mas é a minha casa própria, oras. Agradeço imensamente a hospitalidade da Deda e paciência dos leitores emprestados. Já são bem vindos por lá! Beijos
Fabiana

quarta-feira, julho 22, 2009

Das cenas de um casamento

Crédito da foto: "Separação", de Eleuza de Morais.

Resolvi que não postaria mais enquanto não tivesse um blog só meu, para não abusar da hospitalidade sugestiva da amiga Nattércia, nem de sua paciência. Mas a idéia de um bom nome para minha própria página não veio ao passo em que o tempo também se esvaiu. No entanto, depois de ler o texto Cenas de um Casamento, escrito por Domingos Oliveira para sua apresentação na Flip e disponibilizado no blog do evento, não pude conter a vontade de comentá-lo.

Domingos começa com um brevíssimo relato sobre seus cinco casamentos e as consequentes cinco separações que lhe renderam um farto material para escrever o roteiro da comédia romântica, lançada em 2003 pela Caradecão Filmes / Raccord Produções. Ele conta que, a despeito da idade e do tempo em que viveu ao lado de suas mulheres, perdeu a estrutura com o fim dos casamentos vivendo períodos penosos no álcool, boemia, aflição, psicanálise e, acredite, tendo momentos altamente produtivos.

Tenho que concordar que a perda do amor faz aumentar a criatividade, mas isso só funciona para aqueles que conseguem sufocar a saudade com o trabalho. Eu prefiro os antidepressivos e livros didáticos, um me ajuda a relaxar e o outro a direcionar o pensamento para fins mais importantes. A ressaca de cão que costumo ter fez com que eu desistisse de beber nesses períodos...

Dentro desse contexto – voltando ao assunto do texto, separação/sofrimento – Domingos faz vários questionamentos que ele mesmo diz ter resumido em apenas três: Por que o amor (a paixão) acaba? Porque dói tanto quando o amor acaba? O que se perde quando é perdido o amor?

Quem me conhece, sabe que este é meu tema predileto. Vejo amor até em abelha e flor e não há nada que me dilacere mais do que a perda da proximidade. Mas há os que sofrem por outros motivos quando se deparam com a solidão. O esquecimento de si mesmo, redescobrir a sua utilidade, onde e por que dói, quem será seu referencial a partir de então; as dúvidas são incontáveis. Por isso não acredito que uma resposta para cada pergunta resolva. Apenas ajudam a encontrar o norte dos nossos próprios “por quês”. Foi o que Domingos fez, recomendo o texto.

Quando a mim prefiro me ater a uma de suas frases iniciais, que prenuncia a conclusão do assunto: “Há coisas assim, quanto mais se vive ou mais se pensa, mais obscuras ficam".

quarta-feira, julho 15, 2009

São Paulo sem frescura


O negócio por aqui é sem frescura.
* E Sabrina (que não é a loira do anúncio) estava ligando pro Acre.

quarta-feira, julho 08, 2009

E a trilogia se completa!


- Que barulho é esse?
-É o vento, falando com a gente...
- E o que ele tá dizendo?
- Não sei, eu não falo ventanês!


*Diálogo do filme


Vi domingo. A Era do Gelo 3 não supera o primeiro, mas traz novos personagens, uma história inesperada, diálogos engraçados e as famosas aventuras do Scrat.

domingo, julho 05, 2009

"Eu quero me trepar num pé de coco"


Fabiana diz que tenho mania de racionalizar tudo. Ela tem razão.
Chegando ao Arraial Cultural eu só conseguia me perguntar quem foram os responsáveis por cortar, pregar e pendurar as 317 mil bandeirinhas coloridas. Ficou lindo demais, mas deve ter dado um trabalho desgraçado.
Ainda pensando em números, também queria saber quem foi o sortudo que ganhou a licitação da chita e do TNT, porque haja pano, meu amigo.


Esse ano o Arraial trouxe um ‘velho’ conhecido: Moraes Moreira. Fui ao show pagar uma dívida adquirida nas férias do ano passado, que gerou um ‘quase mico’ no shopping de Recife. Entretanto, só eu parecia ter compromisso com o Moraes. “Pense num público desanimado...”. O homem tentou de tudo quanto foi jeito, mas no fundo ele deveria estar pensando “Esse é o público mais broxante que já vi na vida”.

Não fosse a galerinha do governo dar uma animada lá na frente e ensaiar uns passos de quadrilha, eu diria que o show foi um fracasso em termos de ‘resposta de público’, mas isso certamente não estará nos jornais de terça-feira. São só impressões infundadas de uma pseudo-jornalista, falsa aliada e zaz zaz zaz.

quinta-feira, julho 02, 2009

Enquanto isso, no celular da fiRma...

-Alô (eu)
-Oi, eu queria falar com o José?
- Foi engano, senhora. Esse celular não é do José.

Minutos depois...

-Fia, chama o José aí pra mim só um instantinho, pufavor!
-FIA, ESSE CELULAR NÃO É DO JOSÉ!
-E como ele me deu esse número?
- Deu errado, ora bolas.

Meia hora depois...

-Maninha, chama o José, pufavor. Eu não sou nada dele não, é meu tio que quer falar com ele.
Eu, incrédula:
- Moça, esse celular é do trabalho. Eu não conheço nenhum José!
- E o José é INDIOTA por acaso, pra me dar o número errado?
-É!
-Tu é palhaça....
- Haha

Pensou que ia parar por aí, né? Eu também, mas brasileiro não desiste nunca. Toca o celular outra vez.

- Oi, eu queria falar com o José.
- Tu quer falar com ele? Vou chamar!

Passo o celular para o meu primo...

- Oi...
- NEGO VÉI, QUEM É ESSA MULHER?
- Nega véia, é minha gata!
- Que gata?
-Uma gata de fora aí que eu arrumei...
-E onde é que tu tá?
-Ah, não posso falar não, porque depois tu vem aqui e vai querer dar barraco...
- Hein, onde é que tu tá?
-Ó, vou ter que desligar...Depois eu te ligo, tá?
- Tá.
-Tchau

*Eu daria tudo pra ver o reencontro do José com essa mulher. Tenho pena dele!

Somewhere Over The Rainbow

O pote de ouro está por aquelas bandas

quarta-feira, julho 01, 2009

Da injustiças da vida


Viver em um mundo de destros é um desafio diário. É ter limitações na hora de fazer um brigadeiro de panela e não conseguir abrir a lata de leite condensado, porque o abridor de latas convencional não foi projetado para uma pessoa que utiliza a mão esquerda na maioria das atividades.

É ter que pedir uma carteira canhota sempre que entrar em uma sala de aula e ter que suportar imposições sociais constantes, como se submeter a colocar o copo no lado direito da mesinha do avião, porque eles marcam o lugar.

O consolo é que não estou sozinha neste lado das coisas. Imagino as dificuldades que Leonardo da Vinci, Michelangelo e Pablo Picasso tiveram que enfrentar numa época cheia de preconceitos, os malabarismos que Jimi Hendrix e Kurt Cobain fizeram para tocar direitinho e o quanto o mestre Marshall McLuhan teve que se impor para provar que “O meio é a mensagem”.

Em muitas línguas, ‘canhoto’ é sinônimo de desastrado e inábil. Com relação a desastres eu posso até confirmar a teoria, mas eu consigo fazer coisas bem úteis com a mão esquerda. Uma delas delas é usar os talheres como pede a boa etiqueta. Infelizmente a prática só é reconhecida pela Gloria Kalil e pela Fabiana.

Outro benefício que esta vida me proporciona é que minha mãe nunca deixa eu varrer a casa, porque não suporta ver minha total inabilidade com a vassoura.

Agora o que me tira do sério nisso tudo é quando alguém vai dar orientações de direção pra uma pessoa que nunca sabe distinguir o lado esquerdo do lado direito e diz: “Direita é a mão que tu escreve”, como se fosse uma lei universal de direcionamento e os canhotos que se tivessem que se adaptar.

É por isso que no dia 13 de agosto, Dia Internacional dos Canhotos, vou às ruas protestar. Quem tá comigo levanta a mão (esquerda)!


Foto: Caio Esteves/Folha Imagem


Texto legal sobre o assunto: Canhoto enfrenta o "ser gauche na vida"