terça-feira, agosto 23, 2016

Humaniza mais que tá pouco



Não é de hoje que tenho batido nessa tecla aqui e nem me orgulho de tal constatação, mas vamos combinar  DE NOVO que o que falta nesse mundo é só uma coisa: “colocar-se no lugar do outro”.
Falta humanidade.
E se tem uma que eu não consigo lidar direito até hoje é ser maltratada, sabe? Não aceito bem. É uma coisa minha mesmo, que preciso superar.
Acontece que nessa caminhada chamada vida, volta e meia a gente cruza com gente que não faz questão nenhuma de ser gentil. Gente que presta serviço, que lida com gente o tempo inteiro e que precisaria ter, no mínimo, um pouco de empatia pelo outro. Mas não tem.
Nos quase quinze dias nesse mundo de mãe, além de todos os sintomas típicos do puerpério, pude experimentar aquela sensação de impotência quando você não é tratado da forma que espera, mas fica sem ação quando sua cria está envolvida.
Precisei levar a filha a um posto de saúde para passar uma medicação que a pediatra havia receitado. Como era um composto delicado, ela sugeriu que fosse uma enfermeira que medicasse. E assim o fiz.
A profissional que nos atendeu deu aquela olhada básica na neném e começou a fazer perguntas comuns do período...Tipo de parto, de amamentação e passou a me orientar sobre algumas coisas, mas de forma tão indócil que eu achei que havia cometido um crime. Aquela abordagem dura, sem trato, com ar repreensivo, como se eu fosse uma mãe ruim e desleixada e não como se fosse alguém que estivesse chegando agora nesse trem e precisasse de um pouco de compreensão e ajuda.
Eu já havia experimentado esse tipo de tratamento há algumas semanas na maternidade estadual, mas quando é com você a coisa parece mais ser fácil de lidar. Basta aumentar o tom de voz e se igualar ao interlocutor que rapidinho as coisas se resolvem.
Não considero isso um problema exclusivo do sistema público de saúde (apesar da má imagem preceder) mas do setor público de uma forma geral. No campo privado ele até existe, porque a  mão e obra é a mesma. A diferença é que esse tipo de comportamento parece não se sustentar muito tempo por lá, já que há concorrência, treinamento e avaliações constantes.
Na ala pública a coisa fica por ela mesma. Você pode até tentar fazer um “auê”, reclamar, mas, no fim, tudo permanece como está. É uma espécie de vício de um lado e conformismo coletivo do outro. E assim a coisa vai se arrastando ano a ano.
O governo federal até reconheceu que existe um problema e mantém desde 2003 um projeto chamado “Humaniza SUS”. O que eu tenho a dizer sobre isso, após  13 anos de execução? HUMANIZA MAIS QUE  TÁ POUCO!


segunda-feira, agosto 01, 2016

aos nove



Minha intenção não é  fazer desse blog um querido diário da minha gestação, mas é impossível não relatar as aventuras do fim dessa jornada.
Já estou naquela fatídica fase de andar como uma pata e, sim, minha barriga me precede. É algo muito engraçado de observar.
As pessoas não conseguem disfarçar o espanto e a sensação que eu tenho é que estou gerando um alien e que ando assustando as pessoas por aí.
E, claro, elas não se contentam apenas em olhar. Elas falam também.
Semana passada fui ao supermercado. Quando cheguei ao caixa preferencial a moça perguntou com quantos meses eu estava, que vinha me observando desde a hora que entrei. Disse que já estava com 9, mas nem isso resolveu.
- E tua barriga é assim mesmo?
-Olha, foi o que deu pra arranjar (mentira, não falei isso)
O que eu disse foi:
-É...
- Então tu já tá pra ganhar, né?
- É...

Ela deve ter achado que eu ia parir ali mesmo, enquanto ela passava as verduras...