Viver em um mundo de destros é um desafio diário. É ter limitações na hora de fazer um brigadeiro de panela e não conseguir abrir a lata de leite condensado, porque o abridor de latas convencional não foi projetado para uma pessoa que utiliza a mão esquerda na maioria das atividades.
É ter que pedir uma carteira canhota sempre que entrar em uma sala de aula e ter que suportar imposições sociais constantes, como se submeter a colocar o copo no lado direito da mesinha do avião, porque eles marcam o lugar.
O consolo é que não estou sozinha neste lado das coisas. Imagino as dificuldades que Leonardo da Vinci, Michelangelo e Pablo Picasso tiveram que enfrentar numa época cheia de preconceitos, os malabarismos que Jimi Hendrix e Kurt Cobain fizeram para tocar direitinho e o quanto o mestre Marshall McLuhan teve que se impor para provar que “O meio é a mensagem”.
Em muitas línguas, ‘canhoto’ é sinônimo de desastrado e inábil. Com relação a desastres eu posso até confirmar a teoria, mas eu consigo fazer coisas bem úteis com a mão esquerda. Uma delas delas é usar os talheres como pede a boa etiqueta. Infelizmente a prática só é reconhecida pela Gloria Kalil e pela Fabiana.
Outro benefício que esta vida me proporciona é que minha mãe nunca deixa eu varrer a casa, porque não suporta ver minha total inabilidade com a vassoura.
Agora o que me tira do sério nisso tudo é quando alguém vai dar orientações de direção pra uma pessoa que nunca sabe distinguir o lado esquerdo do lado direito e diz: “Direita é a mão que tu escreve”, como se fosse uma lei universal de direcionamento e os canhotos que se tivessem que se adaptar.
É por isso que no dia 13 de agosto, Dia Internacional dos Canhotos, vou às ruas protestar. Quem tá comigo levanta a mão (esquerda)!
Foto: Caio Esteves/Folha Imagem
Texto legal sobre o assunto: Canhoto enfrenta o "ser gauche na vida"
Um comentário:
Pura bobagem! Sou destro e aos 17 anos tive um problema no braço direito. Não tive muita dificuldade em aprender quase tudo ( ou descobrir que JÀ sabia fazer quase tudo) com o braço esquerdo em poucas tentativas. Tenho pena do autor desse texto que se deixou limitar por tão pouco e ainda se identifica (e identifica os outros) em rótulos tão ridículos quanto "destro" ou "canhoto".
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