Atraio malucos desde 1957. Para ser mais exata, desde que
publiquei um texto chamado “História de Doido".
Isso deve ter ativado uma espécie de para-raio, só que de maluco e,
de alguma forma, eles se identificam comigo.
Na rua do novo estúdio, por exemplo, tenho dois amigos. Dão
uma passada lá, pedem água, contam as mesmas histórias e vão embora.
Ontem um me pediu uma moeda de um real, ‘daquela redondinha’,
pra ele escutar Alexandre (Pires, suponho), na máquina de música do boteco da
esquina.
Eu não tinha.
“Vê aí, mulher, só um real!”
“Poxa, to sem moeda aqui...”
“Tá, eu vou ali conseguir”
“Tá bom...”
15 minutos depois passa ele lá na frente me mostrando a
moeda, todo feliz.
Dei um ‘joinha’ e seguimos a vida. Ele com Alexandre e eu
com o Marco, Miro (pedreiro) e a reforma do estúdio.