Além de um torcicolo, a idade nova trouxe consigo certa
intolerância, com uma pitada de impaciência. E não foi bem isso que pedi quando
apaguei as velinhas.
Pedi ‘mais amor, por favor’, que a partir daí a gente ia administrando
a coisa, né mesmo? Mas devo dizer que essa beirada nos 30 deu mesmo uma mexida
imediata em mim.
Deu uma preguiça de ter que conviver com pessoas sem bom
senso, sem noção. E não estou aqui dizendo que eu seja o poço da razão, porque
eu mesma pedi um novo refil de noção pra mim. Sem ela fica muito difícil viver
nesse mundo sem incomodar nem ser incomodado.
Justamente porque o pacote “noção de convivência” inclui a
opção “coloque-se no lugar do outro”, então você procura não fazer coisas que te
aborreceriam caso estivesse do outro lado da história, entende?
Isso inclui práticas triviais do dia a dia, também conhecidas
como práticas de ótarios, tais como não furar fila, não estacionar em vaga prioritária,
não passar horas em um caixa eletrônico quando existem milhares de pessoas esperando
pra utilizar o serviço, não estacionar um carro e um caminhão paralelamente em
uma rua estreita e impedir o tráfego, não utilizar o alerta do carro, atrapalhando
o trânsito, só para ir à loteria fazer uma fezinha, não fazer as pessoas
perderem mais que o tempo necessário...ENFIM!
Eu só não sei onde diabos eu errei nos cálculos que
aconteceu justamente o oposto. E agora tô eu aqui, quase uma balzaquiana,
cercada por pessoas sem um pingo de preocupação com o alheio e me torrando o
saco day by day.
Te contar ó...