Segue uma que ouvi do Seu Alcir, voltando de Xapuri-AC.
Eu e meu irmão fomos caçar. Quando chegamos na mata nos separamos e combinamos de nos encontrar naquele local às 10 horas.
Meu irmão conta que chegou na beira do igarapé pra se lavar e quando olhou pra frente a onça tava há uns três metros dele. Ele olhou pra espingarda que tava apoiada em um barranco, mas viu que tava muito longe e se ele se esticasse pra pegar, a onça pulava em cima dele.
Aí ele pensou:
“O único jeito vai ser mergulhar!” e foi isso que ele fez.
Quando tava embaixo d’água lembrou que tinha no bolso um saco de bombom* de hortelã que ele tinha esquecido de distribuir pras crianças do seringal. Aí ele ficou ali embaixo d´água, chupando bombom e esperando a onça ir embora.
No horário marcado, seu Alcir foi ao encontro do irmão. Quando chegou na beira do igarapé viu a espingarda encostada e nada do irmão. Aí ele olhou pro igarapé e viu no remanso um monte de papelzinho verde, daquele de bombom. Aí ele grita
- Valdir!
Eis que surge o Seu Valdir de dentro d’água e diz:
- Rapaz, Alcir, pensei que tu não ia chegar. Já tava no último bombom!
*Aqui a gente chama bala de bombom.