Não é de hoje que tenho batido nessa tecla aqui e nem me
orgulho de tal constatação, mas vamos combinar DE NOVO que o que falta nesse mundo é só uma
coisa: “colocar-se no lugar do outro”.
Falta humanidade.
E se tem uma que eu não consigo lidar direito até hoje é ser
maltratada, sabe? Não aceito bem. É uma
coisa minha mesmo, que preciso superar.
Acontece que nessa caminhada chamada vida, volta e meia a
gente cruza com gente que não faz questão nenhuma de ser gentil. Gente que
presta serviço, que lida com gente o tempo inteiro e que precisaria ter, no
mínimo, um pouco de empatia pelo outro. Mas não tem.
Nos quase quinze dias nesse mundo de mãe, além de todos
os sintomas típicos do puerpério, pude experimentar aquela sensação de
impotência quando você não é tratado da forma que espera, mas fica sem ação
quando sua cria está envolvida.
Precisei levar a filha a um posto de saúde para passar uma
medicação que a pediatra havia receitado. Como era um composto delicado, ela
sugeriu que fosse uma enfermeira que medicasse. E assim o fiz.
A profissional que nos atendeu deu aquela olhada básica na
neném e começou a fazer perguntas comuns do período...Tipo de parto, de
amamentação e passou a me orientar sobre algumas coisas, mas de forma tão indócil
que eu achei que havia cometido um crime. Aquela abordagem dura, sem trato, com
ar repreensivo, como se eu fosse uma mãe ruim e desleixada e não como se fosse
alguém que estivesse chegando agora nesse trem e precisasse de um pouco de compreensão
e ajuda.
Eu já havia experimentado esse tipo de tratamento há algumas
semanas na maternidade estadual, mas quando é com você a coisa parece mais ser
fácil de lidar. Basta aumentar o tom de voz e se igualar ao interlocutor que
rapidinho as coisas se resolvem.
Não considero isso um problema exclusivo do sistema público
de saúde (apesar da má imagem preceder) mas do setor público de uma forma
geral. No campo privado ele até existe, porque a mão e obra é a mesma. A diferença é que esse tipo
de comportamento parece não se sustentar muito tempo por lá, já que há
concorrência, treinamento e avaliações constantes.
Na ala pública a coisa fica por ela mesma. Você pode até tentar
fazer um “auê”, reclamar, mas, no fim, tudo permanece como está. É uma espécie
de vício de um lado e conformismo coletivo do outro. E assim a coisa vai se
arrastando ano a ano.
O governo federal até reconheceu que existe um problema e
mantém desde 2003 um projeto chamado “Humaniza SUS”. O que eu tenho a dizer
sobre isso, após 13 anos de execução?
HUMANIZA MAIS QUE TÁ POUCO!