Falar de política no Acre é fácil. É um assunto inesgotável, presente nas rodas de amigos, nas salas de aula, nos bares e até na mesa de jantar “Isso tudo acontecendo e você ainda vai votar nele?!”
No Acre, quase toda discussão acaba envolvendo os candidatos a governo do Estado.
Meses antes das eleições os cabos eleitorais se articulam à procura do melhor candidato. Alguns já são conhecidos por terem ajudado a eleger muita gente e esses passam a ser disputados, e ganha quem apresentar a proposta mais, digamos, economicamente interessante... A partir daí começa a convocação de um verdadeiro exército de pessoas dispostas a trabalhar sem horário fixo, de sol a sol, defendendo sua bandeira nas esquinas, no interior do Estado e procurando faturar uma “graninha”.
Depois vem a mudança editorial dos jornais locais. Uns passam a funcionar como folhetins políticos e fica difícil encontrar outras notícias. As três primeiras páginas são destinadas à publicação dos releases dos candidatos e o restante fica com os comentários sobre a campanha de cada um, além do espaço reservado para publicação de santinhos.
Aí vem o horário eleitoral gratuito, garantido por lei. Aquela horinha antes do Jornal Nacional, dedicada aos candidatos e suas propostas e que muita gente só pára pra ver o desastroso desempenho de alguns candidatos frente às câmeras. Outros com mais recursos tecnológicos fazem aquele programa bonito de ser ver, com imagens em câmera lenta e uma música tão emotiva que faz o leitor apertar o “confirma” sem nem pensar muito.
Passada a novidade, chegam os resultados das pesquisas. Uma nova pauta para os jornais e o momento decisivo para a mudança de estratégias. É chegada a hora de reagir e mudar os números!
Enquanto isso, os campeões do marketing político fazem o seu papel: santinhos com foto, nome e número do candidato e aquela frase de efeito, geralmente usando a velha tática de alusão ao Acre. Sim, ACREdite! E, é claro, os famosos jingles, aquelas sonoras composições, fáceis de aprender e que não saem da cabeça do eleitor de jeito nenhum, compõem o arsenal de quem quer uma vaga na Assembléia, no Senado ou qualquer outro posto político.
Tá chegando a hora... Faltam três dias para eleição e esse é o último dia para fazer bandeiraço, comício, adesivagem e manifestações. É hora de usar tudo, o quase tudo que tem e consolidar alguns votos.
Um dia antes da votação, a novidade: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulga o que pode o que não pode ser feito. Broche, boné, camiseta, tudo liberado! Mas sem aglomeração! Só você pode se manifestar. Nada de boca de urna, de carregar eleitor e fazer campanha de última hora.
Chegou o grande dia! Os cabos eleitorais exaustos, mas confiantes, as seções lotadas e a fila anda devagar. Os idosos têm preferência, o que retarda o movimento, mas paciência! São cinco lugares importantes e que devem ser preenchidos com calma. Primeiro vem o Deputado Federal, depois Deputado Estadual, em seguida escolhe-se o Senador, Governador e finalmente o Presidente. Pronto, tudo confirmado e seja o que Deus quiser!
À noitinha começa a apuração. Alegria de alguns e tristeza de tantos outros. É muita gente para pouca vaga. Os números vão saindo e a balsa vai sendo ocupada. A Balsa? Uma grande brincadeira do povo acreano e conhecida em todo o Estado. Uma simbologia inventada há muitos anos e que abriga os candidatos que perderam, rumo ao município de Manacapuru, no Amazonas.Na segunda-feira é dia de ler o jornal, limpar a sujeira e a vida continua...
2 comentários:
Já disse: Não voto em canditados que usam trocadilhos com Acre!
Mas funciona...
Acreditchê!
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