quinta-feira, novembro 29, 2007

filmografia

desse lado do mundo
dessas coisas que penso
que páro
e penso
tenho uma vontade de gritar
e grito
grito
(!)
a janela está escancarada
aberta
exposta
as cortinas balançam
o vento
o vento
não há ninguém na rua
ninguém na lua
só coisa comum
desse lado do mundo
as coisas
coisas
só coisas
se mudam
mudam
muda...
silêncio
* Poesia de Walkíria Raizer, interpretada por Juliano, para o projeto "Poesias Interpretadas" do Núcleo de Arte e Cultura do Curso de Cinema e Vídeo da Usina de Arte João Donato.
* Fotografia minha (vídeo e câmera digital).

segunda-feira, novembro 26, 2007

Eu moro errado

Existe um problema sério de planejamento na minha cidade que faz com que travessas não tenham nome e que, numa mesma rua, existam centenas de milhares de casas com o mesmo número.
Eu moro na última entrada da rua principal e ela não tem nome. Reza a lenda (informações do meu pai) que era chamada de "Travessa do Desprezo", mas nunca foi revelado o motivo e não há registros disso na Prefeitura.
Outra história conta que o nome era "Rua Projetada", mas isso também é mito. No fim das contas, usamos o nome da rua principal para nos localizarem.
Eu já tentei fazer um revolução, ligando para Prefeitura e para os Correios e tentando estabelecer um Acordo de Paz entre as duas instituições para que entrassem em um bendito consenso e registrassem um nome oficial para rua, mas eles disseram que isso tudo será resolvido com o Plano Diretor da Cidade (que será executado sabe lá Deus quando).
Já que rua é a mesma, os números deveriam ser diferentes. Assim, ficaríamos sem identidade, mas com um número único.
No começo, o problema era com o 27. Era o número da minha casa e da vizinha da outra rua. Aí sempre tínhamos que ficar entregando a correspondência dela.
Depois chegou um prefeito querendo ser o doido e mudou todos os números. A intenção até que foi boa, mas eles não fizeram direito. Então o problema passou a ser o 24. É o novo número de casa e de uma outra lá no começo do bairro.
Essa semana chegou uma conta de telefone em nome do sr. Albani e resolvi subir a ladeira, entregar a cobrança e saber se não deixaram nada lá...
Cheguei na casa (que agora é um bar) e me sai um cara de short, com cara inchada, olho remelento e, pelo visto, com uma ressaca desgraçada.
- Eu gostaria de falar com o sr. Albani.
- Ele não mora mais aqui, agora sou eu...
*olhando o pro chão.
-Ah, é que entregaram uma correspondência e zaz zaz zaz...E eu queria saber se não entregaram nada nosso aqui.
-Pera aí.
Lá me vem o homem com a minha conta de telefone do mês de setembro toda rasgada, rajada suja e xexelenta.
-Err...É minha sim.
*olhando pro chão. sempre.
- Bom, então qual o nome do sr, pq caso entreguem sua correspondência lá em casa, a gente vem deixar...
- Agamelhança (falando baixo e pra dentro)
-Er...Então tá, sr. Obrigada.
Agora eu tenho que ligar para o Pedro, chefe dos carteiros, pra ele falar com o novo carteiro da minha região e apresentá-lo a toda a minha família, porque o sr. H não tem cara de que irá guardar minhas coisas.

sexta-feira, novembro 23, 2007

dos erros

A gente faz cada besteira nessa vida, né?
Tava aqui lembrando da festinha de encerramento da 5ª série na casa da Profª Maninha. Como de praxe, haveria o famoso amigo-oculto.
Eram tempos de vacas gordas em que a gente ainda davaThaty (perfume d'O Boticário) para presentear as professoras no Dia dos Professores, e, por isso, rolou uma listinha na sala e cada um "sugeriu" o que gostaria de ganhar do seu amigo.
Havia tirado a Celine, minha amigona, e comprei o que ela queria: o cd (original, claro) do Skank com o famoso single "Garota Nacional".
Hoje me pergunto: por que eu não pedi um desse também, Deus?
Uma banda legal, com uma baladinha da moda e que eu poderia ouvir até hoje sem maiores complicações...
Mas nãããooo, prefiri pedir o cd do "É o Tchan", incluindo o famoso sucesso "Dança da bundinha", presenteado pela minha amiga Nayara.
É foda.

da vida dura

Eu sonho com a preservação do Meio Ambiente, com a paz mundial (como toda miss) e com o bendito dia em que eu deixarei de ser badeca. Sim, porque estagiário é badeco. É aquele que tem que cumprir horário, fazer tudo que lhe pedem, sem férias nem décimo terceiro.
Aos 17 anos eu consegui meu primeiro estágio. A princício, a palavra soava bem: "a estagiária do Dep. de História da Ufac". Bonito, não?
Logo que cheguei fui recepcionada ironicamente pela estagiária que eu iria substituir, a Pitchula. Ela passou uns dias me ensinando o trabalho e onde íamos fazia questão de me apresentar: "Essa é a estagiária que vai me substituir", sempre seguido de uma resposta frustada de quem ouvia: "Poxa, Pitchula, você vai sair, é?"
Nos corredores me olhavam torto e eu me sentia a própria Profª. Suzana (substituta de Profª Helena, na novela Carrossel), mas continuei na minha.
Pitchula acabou sendo recontratada e viramos grandes amigas.
Depois chegou a Íris, outra estagiária. Passávamos por cada uma que dava vontade de morrer. Transcrevíamos fitas, formulávamos, digitávamos, entregávamos e arquivávamos documentos, atendiámos o telefone, cuidávamos do laboratório de informática, comprávamos lanche pro chefe (sempre tendo que pedir pra dona da lanchonete emprestar o copo de vidro, porque ele não tomava café em copo descartável), saíamos fora do horário, trabalhávamos na greve e até limpávamos a sala, quando ninguém mais fazia isso.
Isso tudo acontecia porque nós éramos apenas 'xerebréias'* naquele setor. Segundo o Prof. Bento, numa hierarquia, o xerebréu é aquele que enrola a linha e depois se humilha pro dono da pepeta (pipa) deixar ele brincar um pouco com ela. Um sem moral.
Depois da experiência, passei por mais dois estágios. E hoje posso afirmar com propriedade que o período máximo de dois anos para um estágio foi empiricamente comprovado. Após esse tempo, não há cristão que aguente acordar e ir trabalhar. Independente das condições de trabalho, do chefe, do salário, dos colegas, a paciência já não existe mais e a vontade de ir embora é constante.
Eu sonho com o dia em que deixarei de ser estagiária...E esse dia está próximo, meus caros.

*Não sei a grafia está correta, não sei de onde ele tirou isso, mas que eu ouvi, ouvi.

terça-feira, novembro 20, 2007

Nunca serão!

Eu quero saber, Sr. José Padilha, onde o sr. enfiou as frases que eu mais gostei na porra desse filme?
Como é que o sr. me corta um parte foda daquela, sr. Padilha?
O sr. ficou com medinho de ser repreendido, depois que meio mundo já viu o filme?
Ou o sr. só queria garantir seus 20 milhões em bilheteria e reeditou de qualquer jeito?

Viva o piratão!

domingo, novembro 18, 2007

daquela série...

Ele foi logo propondo:

- Quer namorar comigo?

*andando. sempre.

- Eu sou seu manicure, pedicure e ainda lavo suas calcinhas!

*Um homem (quase) perfeito, eu diria. Não sabia fazer escova nos meus cabelos. Não aceitei.

Sim, aconteceu na rua, como sempre. Espero que quem leia isso não imagine que eu sou de parar o trânsito. Eu só páro malucos.

quinta-feira, novembro 15, 2007

das uvas (ou quase isso)


Eu comia isso.
Comia mermu, não vou mentir.
Não morri nem engordei.
Essa semana, vindo do trabalho, achei essas ' uvinhas' plantadas no canto do muro de um terreno abandonado.
Quando eu era criança, lembro que elas eram as representantes legais das uvas na minha casinha.
Pode não parecer, mas brincar de casinha exige uma certa logística que crianças desses tempos modernos não entenderiam. Apesar de ser uma tentativa descarada de transformar meninas inocentes em Amélias, era bem mais prazeroso e mais interessante que qualquer The Sims da vida (virtual).
Todas as comidinhas, digo, alimentos, eram inspirados em alimentos reais e havia uma plantinha para cada mantimento. As mamães iam ao mercado (quintal, rua, terreno baldio), faziam suas compras (arrancavam as pobres plantas sossegadas) e voltavam pra fazer a sopa das suas filhinhas (uma boneca chamada Larissa). Depois era só cortar tudo com faca de plástico não cortante, despejar em uma panelinha do tamanho de uma tampa de remédio e cozinhar em fogo brando (mentira).
Quando estivesse pronto, fingia-se alimentar a filha (que tinha boca, mas não era aberta, senão enfiaríamos sopa 'goela' abaixo) e no final tinha a sobremesa: uvinhas!
Acho que minha nunca soube que eu comia, mas toda vez eu lembrava da cena do filme "Lagoa Azul" em que o filho deles comia aquelas frutinhas vermelhas proibidas e eles pensavam que ele ia morrer. Mesmo assim eu comia. E era bom.
A impressão que dá é que tudo desaparece quando a gente cresce (ou adquire idade, como queiram). Os lugares já não são os mesmos, as pessoas morrem e as plantas desaparecem. Parece que tudo conspira contra as suas lembranças e é preciso ter uma boa memória fotográfica para guardar tudo que viveu...

Plantarei uvinhas no meu quintal!

quinta-feira, novembro 08, 2007

ausente

Eu não quero aceitar o meu status de pessoa ligeiramente desesperada até o fim do mês, mas o fato é que eu realmente tenho muitas coisas para resolver antes que dezembro se anuncie.
Tem gente que vai achar que é draminha, porque eu sou campeã em aumentar meus problemas, mas dessa vez é sério. Juro!
Então, amigos-lindos-do-meu-brasil-varonil, estarei segestivelmente ausente deste blog enquanto as coisas se resolvem.
(a não ser que algo muito extraordinário aconteça na minha vida, como uma viagem inesperada para Nova York, um par de sapatos novos ou que eu ganhe o que eu quero)
Até lá, estou oficialmente ocupada!

terça-feira, novembro 06, 2007

Da série "coisas que só acontecem comigo"

Em pé, em frente ao trabalho, esperando meu pai...
Ele me olha e mostra sua dentadura sorridente.
Retribuo. (com meus dentes mesmo)

- Tu viu a mulher que tava conversando comigo?
- Vi sim. (tinha visto mesmo. eu reparo tudo)
- É doidinha por mim...
-Ah, é?
-É sim...Coroa enxuta, né?
- É sim...
- Marcou um encontro comigo amanhã aqui.
- Foi?
- Foi...
- E o senhor já a conhecia?
- Conheci um dia desses...Eu disse que era viúvo, ela disse que era tbm e que era bom a gente se casar. E amanhã eu venho, né? Eu sou sem-vergonha mesmo...rs
(pai chega)
- Boa sorte!
- Obrigado, minha filha!

quinta-feira, novembro 01, 2007

luz

Fotografia. Luz+Escrita. Aristóteles. Câmara escura. Giovanni Della Porta. Angelo Sala. Schulze. Thomas Wedgwood. Joseph Nicéphore Niépce. Jacques Mandé Daguerre. Daguerreótipo.Fox Talbot. Hercules Florence. George Eastman. Kodak. Analógico. Filme. Asa. Obturador. Diafragma. Composição. Exposição. Fotograma. Filtro. Objetivas. Zoom. Flash. Baterias. Pilhas. Digital. Pixels. Sensores. CCD. CMOS. Cartão de memória. Resolução. Fotojornalismo. Bresson. Manipulação. Monografia.