terça-feira, fevereiro 23, 2010

Aventura ventológica

No dia em que alguém, que também pode ser um médico, disser que você precisa fazer um exame no nariz, por favor, corra.
Eu, ao contrário, não corri.
Fui super macho e encarei a cadeira da tortura.
Quem me conhece e quem também não me conhece deve saber do meu problema de rinite. É um negócio chato e antigo.
Como eu moro na Amazônia chuvosa, os primeiros meses do ano são os mais dolorosos para a vida nasal. Dias úmidos e cheios de espirros.
Nesse 2010 de meu Deus vi que a coisa tava ficando séria e decidi consultar um médico, pra ver se dava uma melhorada. E melhorei. Ele me receitou remédios que me transformaram em uma nova mulher com rinite controlada.
Infelizmente, ele também passou um exame que foi ontem. É que eu corajosamente fiz.
Ao chegar ao consultório ele prontamente me explicou o procedimento. “O negócio é o seguinte: eu vou enfiar esse algodão cheio de anestésico na sua venta”. “Vai doer?”. “Vai arder um pouco”.
Ele assim o fez.
Enfiou a tripinha de algodão umedecido até praticamente a altura da íris do meu olho e mandou eu passar 15 minutos assistindo desenho.
Aliás, é ele um otorrinolaringologista super bacana, também denominado por seu anestesista como ‘ventólogo’ (nome mais do que apropriado para quem cuida de venta, não?)
Passado o recreio, volto para dar seguimento à tortura. Ele retira os algodões e eu já to com o nariz dormentinho. Então ele introduz um fio preto fininho, com uma câmera na ponta e que reproduz a imagem na TV de 20” que estava ao meu lado. Devo dizer que me senti o próprio ar entrando e percorrendo todos aqueles corredores sebosos e apertados. Vi até minha garganta!
O exame foi revelador. Descobri que tenho um nariz mais torto que o homenzinho torto. Meu septo esquerdo é torto e empata a passagem de ar, por isso não respiro bem. Do lado direito tem uma pelezinha filha da mãe que resolveu crescer mais do que deveria e sempre inflama, provocando aquelas minhas crises infernais.
Tudo isso pode ser amezinado com o medicamento. É só eu continuar tomando aquele remédio da nova mulher com rinite controlada que a vida fluirá sem muitos atropelos.
A consulta acabou e meu nariz continuou dormente.
“Sim, doutor, e esse efeito, quando passa?”
“Ah, daqui uns 20 minutos ta passando”.
Pois bem. Fui pra casa e fiquei ‘di bôua’ esperando o tal efeito de dormência vazar.
Os minutos foram passando, o nariz foi ardendo, a garganta trancando, a náusea chegando e eu aperriada.
Parecia que tinham passado pimenta em todo o meu interior ‘ventário’. Os olhos lacrimejavam de ardência e de manha (eu sou uma menininha e meu direito de chorar está mais do que justificado).
Deitei, fechei os olhos e fiquei esperando o pesadelo passar. Acabei pegando no sono. E que sono, meus amigos. Aquele sono com pegada, sabe?
Acordei algumas horas depois, comi alguma coisa e me aventurei para o trabalho.
O restante do dia for marcado por raciocínio lento e leseira anestésica.
Exame de venta? Never more!

Um comentário:

mazé oliveira disse...

Pô, muito divertido o seu texto, ri demais. É bom descontrair um pouco à noite lendo textos como esse!... Afinal a vida é... bela!