sexta-feira, março 28, 2008

assaltar pode, pichar não!

Ainda sobre assaltos e coisas que fazem falta, descobri que outra moça foi assaltada no mesmo lugar. Levaram a câmera digital também, mas não sei se o cara foi tão gentil com ela quanto foi comigo.
Soube, ainda, que um amigo dela tentou protestar contra a falta de segurança do local, tentando pichar os muros e acabou preso.
Essa versão chegou por terceiros, mas os jornais impressos traziam apenas o vândalo de 24 anos que queria destruir o espaço público.
Tô esperando chegar a um saldo de cinco assaltos para criar uma associação de vítimas, mas a solução para isso é bem simples: basta todo mundo andar com uma lata de spray e fingir que vai pichar as lindas paredes do Mercado Velho que a polícia aparece rapidinho.
:D

segunda-feira, março 24, 2008

da falta que faz


Às vezes eu até penso que me conformei, mas quando chega o domingo bate aquela saudade danada. É aquela dor de perder uma filha querida...
Eu já não tenho mais esperanças de encontrá-la, mas penso nela quase toda noite. Se está sendo bem cuidada, alimentada, tratada com carinho...E nessa hora eu sonho. Imagino uma bela tarde de domingo no Mercado Velho e de repente aparece alguém com a minha filha. Fico observando de longe para ter certeza se é ela. Chego como quem não quer nada e peço pra ver de perto, fingindo interesse em comprar uma igual. Quando ela vem para os meus braços, tenho certeza: “É minha filha!”. Toda mãe sente essas coisas...
Não mais que de repente saio correndo com ela. Não olho pra trás e nem desmaio com pressão baixa. Só corro.
Ele manifesta populares que me param. Eu digo:
“Eu tô roubando ela de volta pra mim, seu babaca”.
Ele tenta recuperar a força.
Como em um bom sonho, internalizo um super-herói. Com a força de Uma Thurman em Kill Bill, misturada com a delicadeza do Cap. Nascimento em Tropa de Elite, dou uma voadeira que ele cai no chão. Enquanto ele tenta se levantar eu começo a dar chutes e pontapés, acompanhados de expressões de apoio:
“E agora, seu merda? Quem é que vai levar a câmera da menininha, quem? Seu viado, maconheiro, traficantezinho de merda, você que financia o tráfico! Seu bosta! Seu viado!”
E vou embora feliz da vida.
Infelizmente a real é que ontem soube que ela está em um novo lar. Alguém a ‘adotou’ por míseros cinquentinha. Não sei quem são os novos pais, nem como estão cuidando da minha filha, mas espero, sinceramente, que ela fique com depressão por não ser tratada da forma que deseja, perca as forças por não ver explorado todo o seu potencial e morra para sempre. Amém!

domingo, março 23, 2008

da folga

Para uma semana santa (que nem é de fato uma semana, já que, oficialmente, o feriado é só sexta-feira, por isso mesmo trabalhei até às 19h de quinta; o sábado é dado de presente às vezes, e o domingo é, tecnicamente, o primeiro dia de uma nova semana. Tudo isso não passa de uma ilusão para enganar pessoas desesperadas por um descanso) sem expectativas, eu diria que foi agradável.
O plano - que nem era plano, e sim uma vontade tremenda - era de ver filmes atééé o infinito! Ver todos os filmes da vida inteira que eu tenho vontade de assistir e não tive oportunidade, mas, como eu imaginava, a oportunidade também não apareceu no feriado. Os filmes que eu quero nunca têm na locadora e eu não sei baixar essas porcariazinhas na internet (e não venham me dizer que é fácil. Eu simplesmente não sei e não quero aprender. Eu quero o filme pronto pra dar o play)
Então, recorri ao cinema. Fui ver Juno que, milagrosamente, chegou aqui em pouco tempo. Juno é aquele filminho basiquinho e simpático que concorreu ao Oscar sabe-se lá por quê. Os caras do Oscar sempre inventam essas coisas de última hora, mas é bonzinho sim.


No sábado surgiu um convite de cinema em casa e fui ver Caçador de Pipas. Já tava querendo assistir desde que viajei, mas no dia que decidimos ia ao cinema, a terra do frevo resolveu fechar as portas do cinema.

O irmão da Patty baixou o filme e fomos assistir na casa da Manu. Loading...loading...e nada. Não funcionou. Descobrimos que estava em uma formato divx, e que não era qualquer dvd de 90 reais da Bolívia que conseguia ler. Então fomos todos pro quarto do Edu ver no computador. Assim como todo filme de livro, Caçador de Pipas é incompleto. Você fica lembrando de todos os detalhes e cenas minuciosamente descritas no livro e que o filme não deu conta de repassar. É aquela frustração de não ver os personagens da forma que você imaginou e nem ouvir as falas mais emocionantes. Não me orgulha dizer que li o livro, porque metade do mundo leu também, mas, certamente, quem chora no filme não conhece a história. E olha que eu sou chorona...

quinta-feira, março 13, 2008

luz-câmera-ação

Existe um aperto no coração de uma saudade já anunciada. Eu passo a noite revendo as fotos e relembrando as cenas e os sorrisos.
A sala quase sempre escura e gelada. A hora do lanche na cantina improvisada. Os prédios coloridos...
No último dia de março recomeçam as aulas do curso de cinema na Usina de Arte João Donato e eu, infelizmente, não estarei lá.
Comecei o curso por uma questão de honra: havia passado no processo seletivo e se eu não pegasse a vaga, outros aproveitariam.
Hoje posso dizer que foi a coisa mais útil que eu fiz o ano passado e que viveria tudo de novo pela sétima arte, seja lá quais forem as outras seis.
Os filmes que vi, professores que tive, amigos que fiz, festa que organizamos e trabalhos que executamos estão devidamente guardados nas fotos e no coração. Mesmo assim, eu queria mais...Queria poder dar continuidade ao processo e aprimorar o que aprendi, mas, infelizmente, eu não estarei lá.
Não por falta de vontade, mas por uma questão de escolha. Eu já previa que seria assim, mas a gente nunca está preparado, mesmo com planos.
Resolvi levar uma vida de gente grande e gente grande trabalha muito e o dia todo. Quase não sobra tempo pra se divertir e não sobrou tempo pra fazer cinema.

quarta-feira, março 12, 2008

Diário de Bordo - "Ad eternum"

A ilha perfeita

Durante a viagem pra Porto de Galinhas descobrimos que a agência também fazia um passeio pra João Pessoa, na Paraíba, e que só eram duas horas de viagem. Beleza. Contabilizamos os gastos, negociamos com o sr. Alexandre, dono da agência e fechamos. “Sete da manhã a gente passa aqui pra pegar vocês”
Acordamos às 5:30 pra dar tempo de todas se vestirem e tomarem café. Edson chegou 8:30h, daí vocês imaginam nosso humor: putas da vida! (só no humor, claro)
Edson tava no paredão.
Tínhamos desistido de ir!
(Muita) conversa vai, (muita) conversa vem, decidimos fazer outro passeio pra não perder o dia.
- Então vamos pra onde?
- Praia dos Carneiros.
- É boa?
- É sim!
-Tá bom então...

Fomos seis. Raquel ficou no hotel dormindo. A viagem foi longa e desanimadora.
Durante o trajeto, Lombinho, medrosa que só ela, ficava perguntando ‘Ô mana, onde fica isso, hein? Ainda não vi nenhuma placa com esse nome...’.
‘Sei não...’
De repente, não mais que de repente e sem aviso prévio a van pára.
Parecia cena de filme. Imaginem comigo:
Uma van com seis mulheres lindas e simpáticas, dois caras desconhecidos, parados em uma estrada sem fim com uma ponte interditada.
Eles saem do carro sem falar nada.
Começamos a olhar umas para as outras. Lombinho já tava morrendo no meu lado –“Mana, onde é que a gente ta?” “Ai meu Deus, mana, pra onde eles trouxeram a gente?”
“Sei não...” (com olhos do tamanho do mundo)
- Edson, pra onde a gente vai?
Silêncio
Então surgem mais dois caras e vão rodeando a van.
“Meu Deus, vão matar a gente e é agora!” - pensei

A porta abre.

- Pra onde a gente vai?
- Pra praia...( Edson)

Descemos apreensivas, até que descobrimos que os dois novos ‘guys’ eram os que faziam a travessia para praia.



- Mas a gente já chegou?
- Chegamos, mas pra ir pra praia a gente tem que pegar um barco que cobra R$ 20,00 por pessoa.

*iradas
- Mais 20 reais? Ninguém falou nada pra gente...
Lá ficamos nós 20 reais mais pobres.

O passeio de barco dava direito a um maravilhoso banho rejuvenescedor de argila. (mulherada iludida, se sujando toda de barro branco).
Depois seguimos para a “Ilha Perfeita”, que era um banco de areia, um tiozinho e um carrinho da Kibon. Pra quê mais? (eu dispensaria o tiozinho, claro)
Finalmente chegamos à Praia dos Carneiros, mas não havia carneiros lá.
Infelizmente o cara do barco teve que explicar isso milhões de vezes, porque volta e meia uma das meninas perguntava “Mas por que se chama Praia dos Carneiros?”. Ele até explicou pra mim, mas eu já esqueci.
Lá em Carneiros eu não queria saber de sol. Tratei logo de arrumar uma mesa na sombra e passei o dia lá. Isso me custou muito. Foi quase um teste de paciência, porque o sr. Alexandre (dono da agência) também não quis saber de sol e passou o dia inteiro me contando toda a história de Pernambuco e investigando minha vida. Eu até gosto de ouvir, mas também cansa. Sr. Alexandre era aquele tipo de pessoa que nunca ia aprender meu nome, então ele percebeu que as meninas me chamavam de Deda e passou a me chamar assim também. No meio da conversa (em que ele falava e eu ouvia), ele sempre soltava:
“Deda, Deda...”
“Deda – a jornalista do Acre”
E eu lá com meu sorrisinho amarelo...
Mas o dia foi bom. Eu juro!

terça-feira, março 04, 2008

Da série "coisas que só acontecem comigo"

Hoje fui a uma loja fazer uma entrevista com uns deficientes auditivos para uma matéria sobre inclusão social. O que eu não reparei foi que o meu uniforme era da mesma cor do pessoal da loja, logo, fui confundida.
- Ei, vc sabe onde estão aquelas lâmpadas assim e assado?
- Moço, eu não tabalho aqui, mas o rapaz que está me atendendo já volta e ele atende o senhor.

Chega o rapaz com os outros dois que eu queria entrevistar. Infelizmente a moça que iria nos ajudar ficou de férias e eu não sei falar em libras. Aliás, eu nunca quis tanto saber falar em libras como hoje. Você se sente totalmente limitado.
A solução foi explicar tudo no papel e tentar fazer a entrevista com um questionário.
De repente, o cara, aquele da lâmpada, se aproxima e começa...

- Você é o colírio dos meus olhos
- O_o
- Você é a Helen Ganzarolli! ( Eu já falei que ele é doido? Pois então...Ele é!)
- Ham?
- Você é a Helen Ganzarolli e aquela outra ali ( apontando pra fotógrafa e minha colega de trabalho) é a Ana Hickmann.

Continuei a escrever e ele do lado...

- Ela é canhota. Toda canhota é boa de matemática. Faz a soma aí: 3+6+4...

*Escrevendo...

-Eu gostei dessa pinta. Me dá essa pinta pra mim?

* Escrevendo...

- Gata, eu já vou indo...Vou indo...Smack! Não gostou, devolve, hein?
Smack! Não gostou devolve...

Na hora que a gente quer se concentrar, sempre aparece um abençoado pra atrapalhar. Eu querendo me comunicar com outro e me aparece esse doido falando à toa...Que mundo injusto!

Diário de Bordo - Alceu!!!

Depois da praia na chuva, resolvemos desfrutar das estruturas modernas de uma cidade grande: o shopping.
Como éramos muitas, fomos em dois táxis.
Lanchamos no Bob’s, babamos nas vitrines com promoções e compramos (besteiras, claro)
Passeio vai, passeio vem, eis que as meninas avistam um cara famoso na loja d’O Boticário.

-Olha ali, é o Alceu! (prima)

- Onde? (outra prima)

- Ali, menina! (prima)

-Tem certeza? (eu)

- Tenho, menina! Absoluta! É ele!

- Acho que não é não... (eu)

- É sim, menina. É que ele pintou o cabelo de preto e tá diferente...(prima)

- Vamos lá falar com ele? (uma das meninas. Eu lá lembro quem era)

Enquanto isso, Katy e Lombinho cantavam todo o repertório de Alceu “Eu digo e ela não acredita, ela é bonitaaa demaaaais”

- Gente, eu acho que é alguém famoso, mas não é o Alceu. Prima, é ele mesmo?

- Agora que tu falou eu já não tenho mais certeza...

Da manga rosa quero o gosto e o sumo... (elas continuavam cantando)

- É melhor a gente ir embora...

- Melhor mesmo... (eu)


À noite, na hora de dormir, a lâmpada acende:

MORAES MOREIRA! ERA O MORAES MOREIRA!

No outro dia, na hora do café, contei a todas e evitei o maior mico da história de Pernambuco.