Cheguei ao cume da minha impaciência e ao ápice da minha boa educação. Não é de hoje que sofro com a minha garagem, mas foi preciso deixar claro que é uma garagem para coisa funcionar.
Não sou boa motorista, mas também não ando mentindo por aí dizendo que sou. Tenho dificuldade com manobras, espaços, sou medrosa e dirijo um carro com uma traseira empinada que dificulta ainda mais esse meu problema. Posso não ser boa com essas coisas, mas sempre chego ao meu destino, nunca atropelei ninguém, não jogo lixo na rua e, principalmente, não estaciono em frente à garagem alheia. Coisa de gente com um pingo de sensatez, eu imagino.
Então essa semana eu mandei fazer a faixa explicativa: “SIM, É UMA GARAGEM!” justamente para aquelas pessoas que entram na minha estreita rua, olham meu portão maceta e se perguntam “Será que é uma garagem?”. Como não tinham resposta, colocavam o carro em frente ao meu portão e seguiam suas vidas tranquilamente.
Elas devem achar que mandei fazer um portão daquele tamanho pra passar com uma escada de 4,36 metros sem precisar incliná-la ou para ver quantas pessoas conseguem entrar de mãos dadas sem aperto, mas nunca pra eu entrar com um carro. Por isso, nada mais polido que esclarecer as coisas, não?
Infelizmente, a mensagem é interpretada por vários e é aí que eu viro assunto da rua. Ouvi os vizinhos sussurrando, se sentido humilhados, vitimizados e sensibilizados. Mas como bem dizia Sócrates: “Pimenta nos olhos dos outros é refresco” e ninguém nunca reconhece o problema do outro.
A faixa definitivamente cumpriu seu papel. A convivência social precisa de conflitos de vez em quando para as pessoas reconhecerem que existe um problema e, se eu sou a única com coragem de falar, que falem de mim.
Um bjoenãomeliga