quinta-feira, maio 28, 2009

Planejamento estratégico

Semana passada apareceu um cara lá na casa da minha avó perguntando se ela não queria pintar as grades da área. Ele disse para minha tia que estava fazendo um serviço lá perto, e, como havia sobrado algumas tintas brancas, ele só cobraria R$ 50 pela mão de obra. Tia Maria do Carmo, toda animada, fechou negócio.

Aí o cara começou a lixar a grade devagarinho e disse: "Senhora, é que eu preciso comprar um restinho de material que tá faltando...Mais lixas e tal. A senhora não teria aí R$ 12 reais pra me adiantar? Já vai abater nos 50. Enquanto isso eu chamo meu ajudante e ele vai lixando aqui..."
Minha tia deu R$ 15 e ele foi comprar as coisas.
Umas duas horas depois minha prima sai pra trabalhar e vê aquele rapaz sentando lá na área, cabisbaixo... "Menino, mas teu pai tá é demorando, hein?", ela diz.
"Não, ele não é meu pai não, eu nem conheço ele...Eu tava passando e ele perguntou se eu não queria ganhar 20 conto pra lixar as grades e pediu minha biclicleta emprestada pra ir comprar o resto das coisas"

Ele nunca mais voltou.

Agora me digam vocês se o cara não tem estratégia? Gente, que visão! O ladrão de galinhas que roubou as penosas da minha avó na mesma semana deveria se envergonhar diante de tanta genialidade! Esse cara tá se perdendo no Acre...

Bienal da Floresta do Livro e da Leitura

Começa hoje a Bienal da Floresta do Livro e da Leitura. O evento, promovido pelo governo do Estado, terá abertura oficial às 10 horas, na Praça da Revolução Plácido de Castro, mas só será aberto para visitação às 19 horas.

Até o dia 7 de junho, a capital recebe escritores nacionais, realiza palestras, painéis, oficinas, mesas-redondas, conferências, exposições de livros, além de exibição de filmes e apresentações artísticas.

A estrutura montada na Praça da Revolução Plácido de Castro conta com 40 tendas que abrigarão editoras nacionais, como a Ática, Companhia das Letras, Contexto e Atlas, e as livrarias locais, Paim, Betel, Universitária, Cultural e Dom Oscar Romero. Outros três estandes foram reservados às sessões de autógrafos.

Palestras e outras atividades

Já na Praça da Biblioteca Pública, acontecem as palestras e os painéis na tenda-bolha instalada especialmente para o evento. As atividades iniciam-se no dia 1º e são abertas ao público.

As oficinas e as sessões de autógrafos, porém, já tiveram as inscrições encerradas. Foram disponibilizadas 40 vagas para cada uma das nove oficinas oferecidas e os interessados puderam se inscrever no período de 19 a 27 de maio.

Quem não realizou a inscrição ainda tem chance de bater um papo com seu autor preferido. É que estão agendadas conversas com 20 escritores que participarão da feira. Os encontros acontecerão no período da manhã e da tarde no auditório colégio estadual Barão do Rio Branco (CEBRB) e na filmoteca e sala de cinema do Sesc-Centro.

Entre os convidados estão os escritores Fernando Monteiro, Marcus Accioly, Luiz Galdino, Fábio Lucas, Jorge Tufic, Francisco Gergório, Ignácio de Loyola Brandão e outros nomes da literatura brasileira. A programação completa estará disponível na bienal.

domingo, maio 24, 2009

Basta!

Cheguei ao cume da minha impaciência e ao ápice da minha boa educação. Não é de hoje que sofro com a minha garagem, mas foi preciso deixar claro que é uma garagem para coisa funcionar.

Não sou boa motorista, mas também não ando mentindo por aí dizendo que sou. Tenho dificuldade com manobras, espaços, sou medrosa e dirijo um carro com uma traseira empinada que dificulta ainda mais esse meu problema. Posso não ser boa com essas coisas, mas sempre chego ao meu destino, nunca atropelei ninguém, não jogo lixo na rua e, principalmente, não estaciono em frente à garagem alheia. Coisa de gente com um pingo de sensatez, eu imagino.

Então essa semana eu mandei fazer a faixa explicativa: “SIM, É UMA GARAGEM!” justamente para aquelas pessoas que entram na minha estreita rua, olham meu portão maceta e se perguntam “Será que é uma garagem?”. Como não tinham resposta, colocavam o carro em frente ao meu portão e seguiam suas vidas tranquilamente.

Elas devem achar que mandei fazer um portão daquele tamanho pra passar com uma escada de 4,36 metros sem precisar incliná-la ou para ver quantas pessoas conseguem entrar de mãos dadas sem aperto, mas nunca pra eu entrar com um carro. Por isso, nada mais polido que esclarecer as coisas, não?
Infelizmente, a mensagem é interpretada por vários e é aí que eu viro assunto da rua. Ouvi os vizinhos sussurrando, se sentido humilhados, vitimizados e sensibilizados. Mas como bem dizia Sócrates: “Pimenta nos olhos dos outros é refresco” e ninguém nunca reconhece o problema do outro.

A faixa definitivamente cumpriu seu papel. A convivência social precisa de conflitos de vez em quando para as pessoas reconhecerem que existe um problema e, se eu sou a única com coragem de falar, que falem de mim.

Um bjoenãomeliga

quinta-feira, maio 21, 2009

Do sonambulismo que dorme ao lado

De manhã, no quarto da Lombinho:

- Ei, tu não vai pra aula não? (pergunto)
- Eu só vou lavar meu cabelo seis e meia!
-O.o...Eu quero saber se tu tem aula hoje?
- EU NÃO JÁ DISSE QUE SÓ VOU LAVAR MEU CABELO SEIS E MEIA!
- Tá, mas são sete e dez e o pai tá te esperando lá na frente!
-Meu Deus do céu, mana, o despertador não tocou!

quarta-feira, maio 20, 2009

O (quase) assalto

Quem diz por aí que ‘a gente não está seguro em lugar nenhum’ não anda mentindo. Estávamos eu e Simone Chalub indo ao estacionamento,que fica ao lado da Secretaria Municipal de Saúde e perto do jornal, pra ver se eu tinha esquecido o cabo do mp4 no carro.
Abri a porta e ficamos conversando. Nesse meio tempo se aproxima um rapaz e ataca a Simone, pedindo o celular.

Eu, muy amiga medrosa, saí correndo, deixei porta de carro aberta, deixei a amiga, deixei tudo. (Minha falta de coragem pode ser justificada pelo meu histórico de assaltos e meu tipo físico nada ameaçador. Ou não. Eu sou covarde mesmo)

O que eu não sabia é que a Simone, além de jornalista, era ninja. A mulher desceu o cacete no cara e disse que não ia dar o celualr coisíssima nenhuma. Tá, eu sei que isso não é aconselhável, mas ele não estava armado, ou, se estava, não teve tempo de usar, porque ela partiu pra cima dele e deu altos socos até o cara se arrepender da graça e fugir.

Depois disso as duas ficaram tremendo igual vara verde e tentando digerir o que acotneceu.
Agora eu tô aqui pensando onde eu vou estacionar o bendito carro. Se a gente não tá livre nem ao meio dia de uma quarta-feira em um estacionamento movimentado, imagina no fim da tarde, a hora que eu saio.

Simone Chalub: ela é ninja


domingo, maio 17, 2009

O salto


O salto de José Gonçalves Neto que pulou da Passarela Joaquim Macedo na sexta-feira (15), por volta de 11h30. Segundo o site agazeta.net, a tentativa de suícidio foi motivada pelo abandono da família. Neto é de Manaus e vive aqui sozinho e sem emprego.

O acontecimento movimentou o centro da cidade. Pessoas por todos os lados e mensagens incentivadoras também, porque o povo adora ver a desgraça alheia. O motivo do pulo só foi revelado depois. Até então, o que corria a boca miúda era que ele havia assaltado um loja e, para não ser preso, ameçava se jogar.

Ameaça não mortal, eu diria, já que os meninos ali do Seis de Agosto fazem isso o tempo inteiro, mas como ele tinha epilepsia, a coisa poderia ficar feia. E ficou. Vi de pertinho (vide seta amarela da última foto) quando ele caiu na água e entrou em choque assim que o bombeiro o pegou. Tiveram bastante dificuldade pra colocá-lo dentro do barco e quando chegaram à margem, quase não conseguiram tirá-lo, porque o corpo tremia bastante. Não tive estômago pra olhar de perto. O que vi me valeu.

*Fotos: Débora Mangrich

quinta-feira, maio 14, 2009

Difícil é existir...

Entre os transtornos de morar no Acre, eu diria que aguentar o grupo dos ‘sem noção’ é sempre a tarefa mais difícil. Pior até que aturar os que acham que o Estado não existe, porque estes, pelo menos, a gente pode levar na esportiva, entrar na brincadeira e até rir de algumas teorias.

Agora aqueles que acham que o Acre é uma porção de terra cheia de mato e com um punhado de gente reunida no centro, esses sim me matam. Tá certo que há toda uma questão mítica, religiosa, interplanetária, quiçá história sobre a existência do Acre, mas se é pra acreditar que ele existe de qualquer jeito, melhor voltar para o grupo dos descrentes.

A impressão que eu tenho é que essas pessoas imaginam o Estado como uma coisa só, sem a necessidade das convencionais divisões geográficas que determinam cidades, bairros e ruas. Que todo mundo é vizinho, daqueles hospitaleiros, que dividem tortas com recheio de cupuaçu e realizam festas com aquela enorme mesa ao centro, onde todos podem sentar e compartilhar as amenidades cotidianas. E é por causa desse tipo de gente que eu tenho que aturar scraps como esses e em dias seguidos:

Jairo:
oi Nattércia,obrigado por te m aceitado na cumunidade. tenho uma cunhada q mora ai no acre,derepente vc pode até conhecer ela ou as filhas dela.(minha cunhada se chama nane e as filhas marcinha e kiko. me manda noticias


ou ainda este:

Dios es mi refug:
oi moça vc conhece a vanessa ela tbm e dai do rio branco

Minhas considerações:

Caro Jairo, ‘derepente’ eu não conheço a nane, muito menos a marcinha e ‘a’ kiko (?), simplesmente porque esta pronvícia, ainda que pequena, tem mais de 600 mil habitantes e eu não dou conta de conhecer todo mundo. Deixo claro também que, apesar de jornalista, não sou o arauto de tal localidade pra anunciar por aí o que a nane ou as filhas dela fazem da vida ou deixam de fazer. Passar bem.

Quanto ao amigo que habla español, eu conheço umas 317 Vanessas. Vá escrever um livro ou plantar uma árvore que eu também tenho minhas obrigações.


*Coincidência ou não, os ‘sem noção’ parecem não se importar muito com a questão gramatical.

domingo, maio 10, 2009

dos males sonoros

Ando com sérios problemas de Influência Musical Repentina. Aquela doença grave que pode ser comparada ao efeito de um bocejo alheio ou a um soluço inexplicável.
Aquela síndrome aterrorizante de alguém passar perto de você cantando uma música qualquer e você, sem explicação nem controle, fica com ela na cabeça até que uma próxima pessoa se aproxime e troque a música.
Isso não só interfere em seu gosto musical, como tem o poder de acabar com sua reputação. A doença também é capaz de criar uma playlist em seu cérebro e te fazer cantar "quando tu balança dá um nó na minha pança" sem nem ter ouvido o programa do Chico Vaqueiro pela manhã.
Sim, é grave.

quinta-feira, maio 07, 2009

Da série "Coisas que você deve saber antes de morrer"

Que em alguns lugares se toma tacacá com pipoca. Isso mesmo, popcorn, aquela do cinema.
Gente, isso pra mim não é cultura, é invenção. Picoca combina com guaraná, programa legal, só eu e você e sem piruá, não com tacacá!
Quem me revelou isso foi uma antiga amiga. Ela foi a Guajará Mirim (RO) visitar a família do marido e fez a descoberta inusitada. Numa bela tarde eles saíram pra passear e tomar um tacazinho - até então um programa mais que comum na região. Quando a moça serviu, veio uma colher. Ela pediu um garfo.

- Você é acreana, né? - perguntou a vendedora
- Sou, por que?
- Por que os acreanos que tomam tacacá com garfo.

OK, OK. A colher dificulta um pouco as coisas, mas nada é impossível para um bom apreciador da iguaria.

De repente, não mais que de repente, passa uma moça oferecendo pipoca. Ela não aceita. Afinal, tava tomando tacacá.
Quando menos percebe, o marido despeja o saco inteiro dentro da cuia.

- Menino, tu tá doido?
Ela chegou a pensar que era só mais uma invenção de marido, mas quando olhou em volta tava todo mundo fazendo o mesmo. Eu sinceramente não sei qual seria a minha reação na hora. Não vejo idéia mais absurda e combinação mais descombinante. É, no mínimo, uma afronta ao tucupi.

Ou você tem ou vc não tem

Tem gente que não tem mesmo visão de negócios. Essa semana fui comprar umas camisetas ali na Galeria Meta e o modelo que eu queria estava exposto na vitrine. Entrei na loja, apontei para a cor que queria muito e a vendedora disse que ia conferir no estoque.

-Dessa cor não tem ó...
- E aquela que tá na exposição?
- Aquela não posso vender...
- O.o
- ENTÃO VOCÊS NUNCA VÃO VENDER AQUELAS QUE ESTÃO EXPOSTAS? – disse a amiga que me acompanhava.
- É que ta sempre chegando...
- VAMOS, NATTÉRCIA, NÃO COMPRA NESSA LOJA NUNCA MAIS!

Nunca vi isso na minha vida.

domingo, maio 03, 2009

Dos conflitos da convivência social

Colocarei uma faixa no portão de casa explicando que, ao contrário do que possa parecer, ele não é só mais um portão de ferro comum de uma casa comum, numa rua estreitamente comum, e sim um importante portal Stargate.
Talvez assim as pessoas pensem duas vezes antes de atrapalhar uma viagem interestelar, porque se eu disser que é uma simples garagem ninguém leva a sério.