quinta-feira, maio 14, 2009

Difícil é existir...

Entre os transtornos de morar no Acre, eu diria que aguentar o grupo dos ‘sem noção’ é sempre a tarefa mais difícil. Pior até que aturar os que acham que o Estado não existe, porque estes, pelo menos, a gente pode levar na esportiva, entrar na brincadeira e até rir de algumas teorias.

Agora aqueles que acham que o Acre é uma porção de terra cheia de mato e com um punhado de gente reunida no centro, esses sim me matam. Tá certo que há toda uma questão mítica, religiosa, interplanetária, quiçá história sobre a existência do Acre, mas se é pra acreditar que ele existe de qualquer jeito, melhor voltar para o grupo dos descrentes.

A impressão que eu tenho é que essas pessoas imaginam o Estado como uma coisa só, sem a necessidade das convencionais divisões geográficas que determinam cidades, bairros e ruas. Que todo mundo é vizinho, daqueles hospitaleiros, que dividem tortas com recheio de cupuaçu e realizam festas com aquela enorme mesa ao centro, onde todos podem sentar e compartilhar as amenidades cotidianas. E é por causa desse tipo de gente que eu tenho que aturar scraps como esses e em dias seguidos:

Jairo:
oi Nattércia,obrigado por te m aceitado na cumunidade. tenho uma cunhada q mora ai no acre,derepente vc pode até conhecer ela ou as filhas dela.(minha cunhada se chama nane e as filhas marcinha e kiko. me manda noticias


ou ainda este:

Dios es mi refug:
oi moça vc conhece a vanessa ela tbm e dai do rio branco

Minhas considerações:

Caro Jairo, ‘derepente’ eu não conheço a nane, muito menos a marcinha e ‘a’ kiko (?), simplesmente porque esta pronvícia, ainda que pequena, tem mais de 600 mil habitantes e eu não dou conta de conhecer todo mundo. Deixo claro também que, apesar de jornalista, não sou o arauto de tal localidade pra anunciar por aí o que a nane ou as filhas dela fazem da vida ou deixam de fazer. Passar bem.

Quanto ao amigo que habla español, eu conheço umas 317 Vanessas. Vá escrever um livro ou plantar uma árvore que eu também tenho minhas obrigações.


*Coincidência ou não, os ‘sem noção’ parecem não se importar muito com a questão gramatical.

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